sexta-feira, 5 de junho de 2015

Viva o Benfica.

- Há um ano saiu por 15 milhões (parece que é o estranho preço de tabela para os putos da formação) um puto do Benfica que tem o nosso lema tatuado no braço e, além disto e principalmente, joga à bola que é um disparate. Aceitou-se tudo, porque "o Jesus não gosta dele, o Jesus é o nosso treinador, ganhamos tudo com ele, o puto é bem vendido".
- Quando saíam Matic, Enzo, Markovic, Rodrigo, André Gomes e mais uns putos da formação, Garay, Cardozo, e todos os outros que foram saindo ao longo deste anos, havia os arautos da desgraça, que levavam as mãos à cabeça, e os relaxados, para quem está sempre tudo bem, afinal de contas temos lá o Jesus.
- Agora que o Jesus vai para os lagartos parece que continua a estar tudo bem, treina o Manel. Mas já tivemos lá mais que um Manel. Foi o Manel Quique Flores, foi o Manel Fernando Santos, o Manel José António... e ficou provado que não é um Manel qualquer no banco que ganha campeonatos.
- Se o Benfica não acabou antes, também não acaba agora sem o Jesus, mas o senhor que se segue tem que ser muito bem escolhido. Custa-me pouco a saída de quem cá estava, já me habituei a estas coisas e até me dá alguma vontade de rir o enterranço dos lagartos ao dinheiro (desde que não seja de fundos, pode ser de todas aquelas holdings com dinheiro de Angola e da Guiné que vemos e ouvimos na tv envolvidas em sabe-se lá o quê). O que me custa é quem vem a seguir.
- A única maneira de sair por cima é ganhar o tri. Sair por cima de forma épica era ganhar o tri com o Marco Silva.
- Se o LFV quisesse que o Jesus ficasse tinha renovado pelos mesmos valores há vários meses. Não tinha tentado baixar ordenados nem tinha um pré acordo com ninguém.
- Em 2016 há eleições. Ou o LFV está a preparar-se para finalmente abandonar o barco cheio de buracos, ou o investimento na equipa não vai poder parar, sob pena de fazer uma época miserável e ser-lhe directamente imputada a responsabilidade pelo Jesus ter saído. Digo eu, com esperança, mas depois sei que ele dá umas entrevistas a dizer que a culpa foi do Francisco e do tal Manel e lá vão os velhos todos votar com medo do Vale e Azevedo.
- A 9 de Agosto, uma equipa joga com o escudo na camisola.
- 1904. Viva o Benfica.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Bernardo, Cancelo, a formação e a nossa identidade. Ou retórica romântica sem sentido.

"Eu quero é ganhar, nem que seja com 11 chineses."

Não há adepto que não queira que o seu clube ganhe. Não deixa de ser curioso que muitos dos que dizem isto, são os que protestam (baixinho) com a cor do equipamento alternativo, com os horários dos jogos, com a numeração das camisolas, etc. Com o futebol moderno, portanto. Apaixonam-se pelo futebol inglês e alemão, cheio de adeptos no estádio. Lá fora são do West Ham, do Liverpool, do Torino, do HSV, St. Pauli, clubes que pouco ou nada ganham, mas que estão cheios de romantismo. Nem que seja com 11 chineses.

E será que conseguimos ganhar com 11 chineses? Por muito que abomine a estratégia de guerra e ódio (e putas) do FCP, a verdade é que ela durante muitos anos assentou numa identidade que no Benfica se perdera no fim da época de 93/94. Jogadores formados lá ou no nosso campeonato, cientes do que é a rivalidade, do que é um clássico, de como tem que se ganhar cá. E ganhando cá, ganharam na UEFA. Fernando Couto, Jorge Costa, Deco, Maniche, Ricardo Carvalho, Domingos, Vítor Baía, etc.

E o fenómeno não é único por cá. Vemos muitas das grandes equipas do futebol pós Bosman e são casos idênticos, com uma espinha dorsal local. Manchester United, Bayern Munique (e praticamente todos os clubes alemães), Barcelona...

Quero é ganhar. Dizem muitos que foram ao Porto, Amsterdão e Jamor, há dois anos, e a Turim o ano passado. E faziam-no outra vez. Então? Pelo convívio, pela comunhão, pela aventura. Pelo Benfica. Nos últimos 5 anos ganhámos 2 campeonatos, chegámos a finais europeias, quase ganhámos... Hoje estamos lançados para um terceiro que pode ou não chegar. Depois de tantos anos sem nada ganhar, talvez agora esteja com o rei na barriga mas eu não quero é ganhar. Eu quero uma identidade, um orgulho. Quero o nosso estádio sempre cheio, quero que os nossos adeptos vão fora aos milhares, com ou sem bilhete, que cantem nas esplanadas, nas praças das cidades, que deixem um mar de copos de cerveja e boa disposição. Que haja adeptos em Inglaterra, Itália, Alemanha, Brasil e Argentina a verem vídeos do nosso estádio, dos nossos cânticos, das nossas invasões. E quero um presidente de quem tenha orgulho, um de nós. Quero uma equipa com pelo menos meia dúzia dos nossos, gajos que falam a nossa língua, que partilham quartos na selecção, como partilharam no Seixal, uns craques, outros voluntariosos, outros líderes e um ou dois capitães. Quero orgulho não só num nome e num ideal (Benfica), mas no  que realmente somos e representamos. Quero ser vaidoso em relação à nossa identidade. E se, no fim da época, ganharmos, melhor ainda.

João Cancelo

- Depois do Bernardo há-de ir o Cancelo.

- E este não dói tanto, não é tão dos nossos, apesar de ter crescido ali.

- E este não dói tanto, porque o vemos jogar e defende mal, erra perde a cabeça, parece o Quaresma a jogar a lateral direito.

- Mas com a bola nos pés, antes de tomar uma decisão errada, é um craque de DVD.

- E fica a dúvida. Não é um jogador à medida do Jesus? Quem transformou Coentrão ou passou uma época a insistir em Melgarejo e agora em Eliseu não ensinava este puto a jogar à bola?

- E se alguém, lá fora, o ensinar e for mais um que vemos passar?

Bernardo Silva.

Ponto prévio: O Benfica não acaba por sair um jogador, um treinador ou um presidente.

- O Bernardo Silva não é alto e forte. É baixo e deve pesar menos de 70kg. Mas tem um pé esquerdo que eu sonhava ter. Levanta a cabeça para fazer um passe a rasgar tão bem como dribla, conduz e atrai o defesa para depois isolar um colega na cara de um guarda-redes, mas também finaliza. É um 10, sim, mas joga na ala ou atrás de um ponta de lança e há quem diga até que pode jogar a 8. Não sei. É um jogador inteligente, apesar de novo, e irreverente, mas normalmente toma a decisão certa. É um enorme benfiquista, daqueles que segue a equipa a um jogo a mais de 300 kms de distância. Fora do campo, sabe juntar palavras para fazer frases e junta frases para falar bem. Vem de boas famílias, mas não é um inconsequente que só quer sair à noite e aparecer em revistas com modelos ao lado. Nas férias foi com o pai a Nova Iorque. Ouviu jazz. Nunca viveu numa barraca, nunca passou fome e tem, por isso, aquela relação desprendida com o dinheiro que só quem nunca teve falta dele (e secretamente sabe que ele nunca lhe faltará) tem. Agora especulo: mas também por isso, por nunca lhe ter faltado nada, não iria encostar o Benfica à parede porque um empresário lhe acenava com um contrato qualquer. Não era um santo que jogaria de borla no Benfica, mas entre ganhar muito dinheiro como todos os jogadores ganham no clube do coração ou ganhar muito dinheiro e mais algum noutro lado, ficaria satisfeito por cá. Só queria jogar.

- Estava vendido desde o Verão e sabia-o, sabíamos todos. O presidente do Benfica dizia que não, que ele (eles) voltava (voltavam), mas que havia para lá umas cláusulas e não se podem recusar 15 milhões por miúdos da formação. E agora confirmou-se.

- E irrita solenemente mais uma aldrabice de um aldrabão, por muito que todos soubéssemos. Ou por saber que estou a ser aldrabado devo resignar-me com conhecimento de causa?

- Jesus não contava com ele e nós contamos com Jesus (e bem, apesar das manias, das teimosias, dos Filipes Menezes, Cortezes, Emersons, Brunos Césares, Artures e Robertos, das comissões de que se falam em surdina). Jesus é um génio defeituoso, cheio de defeitos e falhas, na forma como fala, como conduz homens, mas quando o conhecem todos lhe reconhecem o génio. Os jogadores agradecem-lhe, os adeptos vêem a equipa ganhar e jogar bem, umas vezes melhor, outras vezes pior, mas há sempre ali qualquer coisa, seja nota artística, sejam defesas de marretas que não sofrem golos, jogos que parecem fáceis, goleadas, jogadores banais que parecem bons e bons que parecem incríveis.

- Se Jesus não contava com ele e nós contamos com Jesus, só havia isto a fazer. Se nós contamos com Jesus e ele conta connosco para o ano e para o próximo e o outro a seguir. Se Jesus se for embora este ano ou no outro ou no outro, então foi um erro. Então venda-se o Talisca (caia ele para o lado que cair, que ainda ninguém se decidiu, para o lado Matic ou Rodrigo, ou para o lado Filipe Menezes) e deixe-se o que usa a nossa camisola fora do campo.

- Então escolhemos o prático, o futebol moderno, enquanto ele for ganhando e os jogadores chegarem por 10 e saírem por 30 e o Benfica estiver na Liga dos Campeões, eliminado ou não, e for lutando com os do norte como em tempos não se vislumbrava ser possível outra vez. E deixamos o lado romântico para os outros que admiramos à distância, nos blogs, nos jornais ou no youtube. E, para ti, voltes ou não, chegues ao Olimpo como jogador ou não passes do meio da tabela:

Boa sorte craque.

Uns meses depois.

- Vamos em primeiro. 6 e 10. Ganhámos no dragão.

- Enzo saiu agora em Janeiro. O Ruben Amorim está quase a voltar, o Fejsa vai ser operado outra vez, tem bicho. O meio-campo anda entre Samaris, Cristante, Pizzi e Talisca.

- Talisca teve uma entrada em grande na época, cheio de golos, mas foi-se muito abaixo e na posição 8 ainda não convenceu.

- Julio César tem estado muito bem.

- Jonas foi a contratação do ano. Que craque, mesmo com aquela vozinha. Tivesse chegado a tempo da Uefa e ainda viajávamos este ano.

- Eliseu lesionou-se entretanto e já regressou. A defender está longe de perfeito, mas tem tido pulmão e apoia bem o ataque. O André Almeida, pau para toda a obra, cumpriu do lado esquerdo. O Jardel continua com as suas deficiências no que lida ao toque na bola, recepção e passe, sobretudo pressionado. O Luisão continua rei e senhor. Entre César e Lisandro ainda não se definiu muito bem a terceira opção.

- Mesmo com imensos jogos sem Luisão e com Almeida na esquerda, a defesa cumpre, mais um indicador do génio de Jesus.

- O Sportém não tem qualidade para lutar pelo primeiro lugar.

- O FCP tem qualidade de plantel (superior, até, à nossa), mas felizmente o treinador não mostra ser capaz de os pôr a jogar o suficiente.

- Entretanto já começou o choradinho e já começámos a ver os proveitos disso, o FCP vence na última jornada com golos em fora de jogo e os próximos fins de semana não vão ser fáceis, os campos vão começar a inclinar.

- Estamos em primeiro. 6 e 10. E ainda agora começámos a jogar à bola.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

4ª jornada 2014/2015

Foi uma pré época deprimente, com as saídas de Oblak, Markovic, Cardozo e Garay a juntarem-se às já anunciadas de Rodrigo e André Gomes e à previsível de Siqueira. A rábula do substituto de Oblak (com Artur a jogar e a ser herói até falhar no derby) acabou com Júlio César, uma escolha que pareceu ser a possível tendo em vista o mercado.

As entradas não entusiasmaram até à última. Inicialmente pareceu gastar-se muito dinheiro em muitas incógnitas (milhão aqui, milhão e meio ali) e até jogadores para a equipa B ou que foram logo vendidos ou dispensados. Por outro lado continuou a não se apostar na formação, com João Teixeira a deixar boas indicações quando foi utilizado para ser logo encostado de novo à equipa B. Faltavam dois médios. E Enzo sempre na corda bamba para sair.

Quando se iniciou Setembro a coisa parecia melhor. Samaris e Cristante davam algumas garantias de qualidade ao meio-campo, faltava um avançado. Parece que veio agora Jonas. E Enzo não saiu.

Do outro lado da segunda circular muito circo, mas tudo parecido com a época passada, um treinador competente (na minha opinião) mas pouca qualidade no plantel. A norte muito investimento quantitativo e qualitativo, sendo a incógnita o treinador.

O que dizer, agora, à 4ª jornada?

- O plantel do FCP é teoricamente melhor que o nosso.

- O treinador deles continua a ser uma incógnita. Se for competente vai ser renhido, se for incompetente melhor para nós.

- Eliseu foi o reforço que melhor entrou e se adaptou.

- Talisca, mesmo com o hat-trick esta jornada, tanto pode cair para o lado Matic (ou Rodrigo, visto que Jesus começou agora a apostar nele como segundo avançado) como para o lado Filipe Menezes. Tem qualidade técnica e capacidade física, resta saber qual será a capacidade de aprendizagem e nível de inteligência. Não falei em Matic por acaso. Quando o sérvio chegou irritava-me várias vezes. Notava-se um pontencial técnico e físico enorme, mas tomava decisões disparatadas e acumulava perdas de bola e passes errados proibitivos naquela zona do terreno. Vamos ver no que dá Talisca e se a aposta nesta posição se mantém ou se vai recuar no terreno.

- De resto pouco há a dizer no que toca a reforços. Samaris e Cristante ainda agora chegaram e pouco jogaram, é esperar para ver. E também esperar que Júlio César recupere da lesão e ver como ele entra na equipa.

- Quanto às mudanças na defesa: Eliseu entrou bem e Jardel não envergonha ninguém a defender, mas pressionado está longe do nível a que estávamos habituados com Garay no que toca a recepção e passe e isso pode fazer diferença com equipas fortes que pressionem alto os nossos defesas. Há que ver Lisandro.

Venha o 34º.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A equipa da FPF

Somos um povo desportivamente pobre. Demasiado focados num único desporto, sem cultura desportiva no geral mas também no futebol em particular. Tal como dos 6 milhões só são adeptos a sério umas dezenas de milhares, também o resto do país só se interessa por bola para achincalhar o colega do trabalho à segunda-feira.

É assim que se explicam as expectativas desmedidas em relação a esta selecção. Do nosso onze, só Cristiano Ronaldo era titular na Alemanha. E só ele e o Fábio Coentrão seriam titulares numa ou outra selecção.

Dito isto, não jogamos nada, mesmo contando com as nossas limitações. E aqui a culpa é do nosso seleccionador e, por extensão, da FPF, para quem está tudo bem.

Há outras selecções que compensam a falta de qualidade individual com trabalho táctico e atitude, mas Portugal limita-se a ser medíocre em campo.

- Temos um dos melhores do mundo, este ano considerado mesmo o melhor, um homem que marca dezenas de golos por época há várias épocas consecutivas. No entanto nem jogamos para ele, nem ele joga para a equipa. Anda ali, não defende, mas também não montámos nenhuma estratégia para retirar o melhor dele.

- Se não temos pontas de lança à altura e o nosso meio campo está envelhecido e apresenta dificuldades porque não jogar com mais jogadores no meio campo e soltar Ronaldo na frente?

- Porque continua PB a insistir em Bruno Alves, Miguel Veloso ou Raul Meireles em vez de Neto (ou até Ricardo Costa), William Carvalho, Ruben Amorim ou André Almeida?

Nada disto faz sentido para mim. E é engraçado que o país não conteste o Paulo Bento por esta falta de qualidade e lógica de jogo, pobre trabalho táctico e estratégico, inconsistências gritantes na qualidade das escolhas do onze titular. Não, o povo contesta o Paulo Bento porque, como já ouvi, "temos uma grande equipa e não jogamos nada".